A oração terminou e sentaram-se de novo à sombra do grande bloco de pedra, até que a criança adormeceu, aconchegando-se no peito largo do seu protector. Ele ficou a velar o seu sono durante algum tempo, mas a natureza provou ser forte de mais para ele. Durante três dias e três noites não se permitiu dormir ou descansar. Lentamente, as pálpebras tombaram sobre os olhos cansados e a cabeça ia-se enterrando cada vez mais sobre o peito, até que a barba grisalha do homem ficou misturada com as tranças douradas da sua companheira e ambos caíram num sono profundo e sem sonhos.
Se o viajante tivesse ficado acordado por mais meia hora, teria visto um espectáculo estranho. Ao longe, no extremo da planície de alcali, ergueu-se uma pequena nuvem de pó, quase imperceptível ao princípio, que mal se distinguia da neblina distante, mas que, pouco a pouco, se ia tornando mais alta e maior até formar uma nuvem compacta, bem definida. Esta nuvem continuou a aumentar até que se tornou claro que só podia ser levantada por uma multidão de criaturas em movimento. Em lugares mais férteis o observador teria chegado à conclusão de que uma daquelas enormes manadas de bisontes que pastam na pradaria estaria a aproximar-se. Evidentemente que isto era impossível nesta região desértica. Enquanto este redemoinho de pó se aproximava mais da falésia isolada onde repousavam os dois desgraçados, as lonas das carroças e os perfis dos cavaleiros armados começaram a aparecer por entre a névoa, e a aparição revelou-se como sendo uma enorme caravana que se dirigia para o Oeste. Mas que caravana! Quando a parte da frente tinha atingido a base das montanhas, ainda não se via a cauda no horizonte. A fila irregular de carroças e carros de duas rodas, homens a cavalo e homens a pé estendia-se de um lado ao outro da imensa planície. Inúmeras mulheres que caminhavam aos ziguezagues sob o peso dos fardos e crianças que andavam com passo vacilante ao lado das carroças ou espreitavam debaixo de coberturas brancas.
