Evidentemente que este não era um grupo vulgar de imigrantes, mas nómadas que tinham sido obrigados, sob a pressão das circunstâncias, a procurar uma nova terra. Então, ergueu-se por entre o ar claro o ruído confuso, surdo e prolongado desta enorme massa de gente, com a chiadeira das rodas e dos cavalos que relinchavam. Ensurdecedor como era, não foi o bastante para acordar os dois viajantes exaustos que se encontravam num nível superior a eles.
À frente da coluna cavalgava uma vintena ou mais de homens meditabundos, com rostos duros, que envergavam roupas escuras de tecido de fabrico caseiro e munidos de espingardas. Pararam ao chegarem à base da falésia e reuniram-se para uma breve assembleia.
- Meus irmãos, as nascentes ficam à direita - disse um, um homem de lábios grossos, cara rapada e cabelo grisalho.
- À direita da Sierra Blanco... portanto, deveremos alcançar o Rio Grande - disse outro.
- Não estejam com medo por causa da água - gritou um terceiro. - Ele que podia extraí-la das rochas não abandonará agora o seu povo escolhido.
- Ámen! Ámen! - respondeu o grupo.
Preparavam-se para continuar a viagem, quando um dos mais novos e com a vista mais apurada soltou uma exclamação e apontou para o despenhadeiro escarpado por 'cima deles. Do cume agitou-se um tufo cor-de-rosa, nítido e brilhante, que se evidenciava dos rochedos cinzentos. Ao verem isto, todos puxaram as rédeas aos cavalos para os obrigar a estacar e tiraram as armas das bandoleiras, enquanto outros cavaleiros se aproximavam a galope para reforçar a vanguarda. A palavra «peles-vermelhas» andava em todas as bocas.
- Aqui não pode haver índios - disse um homem de certa idade, que parecia ser o chefe. - Passámos pelos Pawnees, e não há mais tribos até atravessarmos as grandes montanhas.
- Vou à frente para ver, irmão Stangerson? -, perguntou um do grupo.
- E eu? E eu? - gritaram várias vozes.
- Deixem os cavalos cá em baixo; esperaremos por vocês aqui - respondeu o ancião.