Ao princípio, esta força indefinida e terrível era exercida apenas nos recalcitrantes, que, tendo adoptado a doutrina dos mórmones, quiseram desvirtuá-la ou abandoná-la posteriormente. Logo, contudo, assumiu maiores proporções. O total de mulheres adultas ia diminuindo, e a poligamia, sem uma população feminina a que pudesse recorrer, era de facto uma doutrina estéril. Começaram a correr boatos estranhos - rumores sobre imigrantes assassinados e sobre campos pilhados em regiões onde nunca tinham aido vistos índios. Novas mulheres apareceram nos haréns dos anciãos - mulheres que definhavam e choravam e tinham estampado nos rostos traços de um pavor inextinguível. Viajantes, surpreendidos pela noite nas montanhas, falavam de bandos de homens armados, com máscaras, sorrateiros e silenciosos, que passavam rapidamente por eles na escuridão. Estas histórias e boatos ganhavam solidez e forma e eram confirmados e reconfirmados, até se converterem num nome definido. Até hoje, nos ranchos isolados do Oeste, o nome do bando Danite ou dos Anjos Vingadores é sinistro e de mau agoiro.
O conhecimento mais vasto da organização, que causou resultados tão horríveis, serviu mais para aumentar do que para diminuir o pavor que inspirava no espírito dos homens. Ninguém sabia quem pertencia a esta sociedade impiedosa. Os nomes dos que participavam nestas acções sanguinárias e violentas, perpetradas em nome da religião, eram mantidos em segredo absoluto. O mesmo amigo a quem se transmitissem as apreensões quanto ao profeta e à sua missão, podia ser um dos que voltaria à noite, com ferro e fogo, para exigir uma reparação terrível. Por isso, todos os homens tinham medo do vizinho e nenhum confidenciava o que lhe ia na alma.