Mas o que ela não tem já é vontade!
Há ainda algum fogo que a abrasa…
Mas não é nem amor nem liberdade!
Inda tem garra com que empolga e arrasa…
Mas já não os véus negros da verdade!
Porque, abraçando-a, lhe hão roubado a ardência
Dois amigos, o Egoísmo e a Prudência!
Ó Prudentes! não sei se mais me ria,
Se mais chore de ver vossa cegueira!
Pois vós, cuidando ter a luz do dia
Nas mãos, tende-las cheias de poeira!
Vós chamais-vos a Ordem, a Harmonia…
Mas, nos frutos, qualquer vê que a figueira
Que, em rebentando o estio, não rebenta
É porque apenas sobre a areia assenta!
A areia do Egoísmo! E, se a vaidade
Vos não cegara, veríeis que a semente
Que caiu sobre o chão da Liberdade,
Em vez de ser perdida inutilmente,
Dá, por um grão, milhares.