Odes Modernas - Cap. 24: CAPÍTULO XIV - À EUROPA Pág. 117 / 143

inda tem asa…

Mas o que ela não tem já é vontade!

Há ainda algum fogo que a abrasa…

Mas não é nem amor nem liberdade!

Inda tem garra com que empolga e arrasa…

Mas já não os véus negros da verdade!

Porque, abraçando-a, lhe hão roubado a ardência

Dois amigos, o Egoísmo e a Prudência!

Ó Prudentes! não sei se mais me ria,

Se mais chore de ver vossa cegueira!

Pois vós, cuidando ter a luz do dia

Nas mãos, tende-las cheias de poeira!

Vós chamais-vos a Ordem, a Harmonia…

Mas, nos frutos, qualquer vê que a figueira

Que, em rebentando o estio, não rebenta

É porque apenas sobre a areia assenta!

A areia do Egoísmo! E, se a vaidade

Vos não cegara, veríeis que a semente

Que caiu sobre o chão da Liberdade,

Em vez de ser perdida inutilmente,

Dá, por um grão, milhares.





Os capítulos deste livro