(A JAIME BATALHA REIS)
Dizem profetas, que esse céu perscrutam,
Que, às noites, entre as trevas condensadas,
Se tem visto brilhar ígneas espadas,
Como d’anjos hostis que entre si lutam…
E dizem que, na orla do infinito,
Entre os astros, se vê errar sem tino
Um espectro que traz fulgor divino,
Como o vulto dum deus triste e proscrito…
Entre os sóis passa o espectro gemebundo,
Murmurando morramos! aos sóis vivos,
E empena o brilho aos astros primitivos
De sua boca o alento moribundo…
Onde passou fez-se silêncio e escuro.
Seu manto sepulcral varre os espaços,
E arrasta, entre os celestes estilhaços,
A crença antiga e os gérmens do futuro!
Ó crença antiga! ó velho firmamento!
Como as almas vacilam e baqueiam!
E as lúcidas plêiadas volteiam,
Como a poeira que levanta o vento!
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