- São as crianças - disse a Sra. Parsons, lançando uma olhada apreensiva para a porta. - Não saíram hoje. E naturalmente... Tinha o hábito de interromper as frases no meio. A pia da cozinha estava cheia até quase em cima duma água esverdeada, imunda, que fedia a repolho, mais que nunca. Winston ajoelhou-se e examinou o sifão. Tinha raiva de usar as mãos, e detestava abaixar-se, o que em geral lhe provocava tosse. A Sra. Parsons ficou olhando, sem préstimo.
- Naturalmente, se Tom estivesse em casa, consertaria num momento - disse ela. - Ele gosta desses serviços. É tão jeitoso, Tom. Parsons era colega de Winston no Ministério da Verdade. Era um homem gorducho mas ativo, de estupidez paralisante, uma massa de entusiasmo imbecil - um desses servos dedicados e absolutamente fiéis dos quais dependia a estabilidade do Partido, mais do que da Polícia do Pensamento.