Por conseguinte, as suas prolongadas e agonizantes lutas para ser «escritor» talvez não se tivessem desperdiçado.
Despediram-se de Ravelston à porta do restaurante e meteram-se num táxi. Como o editor insistira em pagar o que os trouxera do Registo Civil, achavam que podiam permitir-se a pequena extravagância. Animados pelo vinho, refastelavam-se juntos no assento, sob os raios solares de Maio que penetravam pelas janelas do veículo. A cabeça de Rosemary pousava no ombro de Gordon, as mãos de ambos unidas no regaço dela. Ele fazia girar levemente a aliança no dedo de Rosemary. De plaqué, cinco xelins e seis pence. No entanto, tinha um aspecto satisfatório.
- Oxalá não me esqueça de a tirar antes de ir para o trabalho, amanhã - disse ela, pensativamente.
- Pensar que estamos na verdade casados! Até que a morte nos separe. Conseguimos, finalmente.
- Assustador, não achas?
- Em todo o caso, espero que tudo se desenrole pelo melhor. Com casa própria, um carrinho de bebé e uma aspidistra.
Ele levantou-lhe o queixo para a beijar. Ela pintara-se um pouco, a primeira vez desde que a conhecia, mas não o fizera com perícia especial. Nenhum dos dois rostos enfrentava o sol primaveril de modo totalmente agradável.