As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 5: O Ritual de Musgrave Pág. 115 / 274

Descobri que era a marca que Brunton fizera quando das suas medidas e que, portanto, eu estava na sua pista.

» Desse ponto de partida continuei a andar, tendo primeiro tomado os pontos cardeais com uma bússola de bolso. Dez passos, da medida de um pé cada, levaram-me ao paralelo da parede da casa, e marquei de novo o lugar com uma estaca. Então contei cuidadosamente cinco passos para leste e dois para sul. E cheguei ao limiar da porta antiga. Um passo para oeste significava agora que eu tinha de descer pela passagem de uma laje, e era o lugar indicado pelo Ritual.

» Nunca senti semelhante arrepio de desapontamento, Watson. Por um momento, pareceu-me que devia haver um engano radical nos meus cálculos. O Sol brilhava em cheio sobre o piso do caminho; pude ver que as pedras com que era pavimentado, cinzentas e gastas pelas pisadas, estavam firmemente unidas por betume, e certamente não tinham sido removidas há muitíssimos anos. Brunton não tinha trabalhado aqui. Bati no pavimento, mas soava o mesmo por toda a parte, e não havia, nenhum sinal de fenda ou greta. Mas, por felicidade, Musgrave, que agora estava tão excitado como eu, tirou o seu manuscrito para comparar os meus cálculos.

«- É em baixo!» - gritou. «- Você omitiu o 'em baixo'.»

«- Eu supunha que tudo isso significava que tínhamos de cavar, mas agora percebi que estava errado. Há uma adega por baixo, então?» - indaguei.

«- Sim, e tão antiga como a casa. Aqui em baixo, por esta porta.»

» Descemos uma escada de pedra em espiral e o meu companheiro, riscando um fósforo, acendeu uma grande lanterna que estava em cima de uma barrica ao canto. Tornou-se logo evidente que tínhamos chegado ao verdadeiro lugar, e também que não tínhamos sido as únicas pessoas a visitá-lo recentemente.





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