As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 10: O Tratado Naval Pág. 248 / 274

Foi nessa altura que me feri nos nós dos dedos. Quando terminámos a luta, Harrison tinha o aspecto de um assassino, agravado pelo facto de lhe sobrar apenas um olho em condições de ver. Ouviu porém as razões que lhe dei e, reconsiderando, renunciou aos papéis. Já com os documentos em meu poder, deixei-o em liberdade mas telegrafei a Forbes a fornecer-lhe todos os pormenores.

Se ele for suficientemente lesto para apanhar o pássaro, tanto melhor! Mas se, como suspeito, encontrar o ninho vazio quando chegar, tanto melhor para o governo. Parece-me que tanto lorde Holdhurst como o senhor, Sr. Phelps, preferem que o assunto não passe para além dos meios policiais.

- Meu Deus! - arfou o nosso cliente. - O senhor diz-me que, durante estas dez longas semanas de agonia, os papéis roubados têm estado dentro do meu próprio quarto? Ali, sempre comigo?

- Nem mais, nem menos.

- E Joseph! Joseph, um malandro, um ladrão!

- Hum! Receio que o carácter dele seja mais complicado e mais perigoso do que se poderia julgar pela aparência. Pelo que ele me contou, esta manhã, sou levado a concluir que perdeu muito em acções da bolsa e que está pronto a fazer seja o que for para recuperar as suas perdas. Sendo um indivíduo extremamente egoísta, deitou a mão à primeira oportunidade que se lhe deparou, sem tomar em linha de conta a felicidade da irmã ou a sua reputação.

Percy Phelps afundou-se na cadeira.

- Tenho a cabeça a andar à roda. As suas palavras atordoam-me - gemeu.

- A dificuldade deste caso - observou Holmes no seu tom didáctico - estava no facto de haver muitas evidências que ocultavam o que era essencial e faziam sobressair o insignificante. De todos os factos apresentados, tive de seleccionar os que considerava vitais, pô-los por ordem e reconstituir esta cadeia notável de acontecimentos.





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