As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 3: O Escriturário da Corretagem Pág. 66 / 274

Houve uma pausa depois de o escriturário da casa de corretagem ter concluído a sua surpreendente narrativa. Então Sherlock Holmes piscou-me o olho, encostando-se na poltrona com uma cara de satisfação, como um conhecedor que acabou de tomar o primeiro trago de uma vindima astronómica.

- É excelente, Watson, não é? Há pontos que me agradam. Creio que concordará comigo em que uma entrevista com Sr. Pinner no escritório temporário da Franco-Midland Hardware Company, Limited seria uma experiência muito interessante para ambos.

- Mas como conseguiremos? - perguntei.

- Oh! é muito fácil- disse Hall Pycroft, com alegria. - Os senhores são dois amigos meus que procuram colocação, e nada mais natural do que levá-los junto do director-gerente!

- Isso mesmo! Muito bem - exclamou Holmes. - Gostaria de ver o cavalheiro para ver se apanho alguma coisa do seu jogo. Meu amigo, que qualidades possui o senhor que tornam o seu serviço tão valioso? Ou então é possível que... - e começou a morder as unhas e a olhar vagamente pela janela; não lhe arrancámos outra palavra enquanto não chegámos à New Street.

Às sete horas, naquela noite, descíamos os três a Corporation Street em direcção ao escritório da Companhia.

- Não vale a pena chegarmos antes da hora - disse o nosso cliente. - Ele só lá vai para me ver, aparentemente, porque a casa está deserta à hora que ele marca.

- Isto é sugestivo - observou Holmes.

- Por Júpiter, olhem aí! - exclamou o escrevente. - Lá vai ele andando à nossa frente.

Apontou para um homem relativamente baixo, loiro e bem vestido que caminhava depressa do outro lado da rua.

Quando olhávamos para ele, aproximou-se de um garoto que apregoava a última edição do jornal da tarde, correndo entre os trens e os carros, e comprou-lhe um.





Os capítulos deste livro