A espada inexorável que flameja
No horizonte dum povo impenitente,
E não poupa, na ameaça indiferente,
Nem tugúrio, nem paço, nem igreja;
O gládio que encoberto peregrino
Ergue, imprevisto, nas humanas liças,
A espada das históricas justiças,
A espada de Deus e do Destino;
De que pensais que é feita? Porventura
Pensais que é feita dum metal terreno,
Cheio de jaça e fezes, e em veneno
Temperado talvez por mão impura?
Que é feita de cobiça e violência?
E de ódios cegos, brutos, truculentos?
De cobardes e falsos pensamentos?
De ultraje, de furor e de demência?
Quanto vos iludis, irmãos! Sabei-o,
Homens de pouca fé! sabei que a espada
Sinistra e em cuja folha esbraseada
Uma palavra em língua estranha