Assim que chegámos à gruta, dei-lhe pão e um grande cacho de uvas, além de o ter feito beber, pois o pobre disso muito necessitava depois da correria que fizera.
Quando se acalmou e refrescou, dei-lhe a entender por sinais que se fosse deitar, apontando-lhe um montão de palha de arroz, coberto com uma manta, que me servia de cama com bastante frequência. Obedeceu-me e foi-se deitar.
Era um rapaz de belas feições e bem formado, com pernas fortes, nem demasiado gordo nem demasiado alto, mas muito esbelto e robusto, e contaria uns vinte e cinco anos. Possuía um semblante agradável, e certo ar muito varonil nas feições, embora sem mistura de rudeza nem ferocidade. Encontrava-se nele toda a doçura, todo o agrado dos europeus, sobretudo quando sorria.
Os cabelos eram compridos e negros, mas não crespos; a testa, larga e elevada; os olhos, brilhantes e cheios de fogo. A cor da pele não era negra, mas bastante escura, sem aquele tom amarelo desagradável dos indígenas do Brasil, da Virgínia e de outros naturais da América; aproximava-se, antes, de uma cor de azeitona escura, bastante agradável, mas muito difícil de descrever. A cara era cheia e redonda; o nariz pequeno, mas achatado, como o dos negros; a boca, bem feita; os lábios, delgados; os dentes, fortes e tão brancos como o próprio marfim.
Depois de ter dormitado, mais do que dormido a sério, levantou-se e saiu da gruta, com o objectivo de se me juntar, pois eu estava a ordenhar as lamas que tinha no cercado próximo.