- Tens uma chave inglesa? - indagou Winston, apalpando a porca do sifão.
- Chave? - exclamou a Sra. Parson, tornando-se invertebrada outra vez. - Não sei não. Quem sabe as crianças...
Houve um estrondo de botinas e outro guincho no pente, recordando a presença das crianças na sala de estar. A Sra. Parsons trouxe a chave inglesa. Winston soltou a água e com nojo retirou o bolo de cabelo humano que entupira o cano. Lavou os dedos da melhor maneira possível na água fria da pia e voltou para a sala.
- Mãos ao ar! - urrou uma voz selvagem.
Um menino bonito, de uns nove anos e cara de brigão, surgira por trás da mesa e o ameaçava com uma pistola automática de brinquedo, imitado por sua irmãzinha, de sete, e que empunhava um pedaço de madeira. Ambos vestiam calções azuis, camisas cinzentas e o lenço vermelho que compunham o uniforme dos Espiões. Winston levantou as mãos sobre a cabeça, mas com mal-estar, tão viciosa era a atitude do garoto, que não lhe parecia pilhéria.