Poder-se-ia confundir com uma sala de estar vulgar, sem os numerosos cinzeiros com publicidade do uísque White Horse. Em torno de uma das mesas, sentavam-se os donos dos carros estacionados à entrada - dois homens louros de cabeças abauladas, gordos, com trajes excessivamente juvenis, e duas jovens elegantes de aspecto desagradável -, que acabavam aparentemente de almoçar. Um empregado, solícito servia-lhes licores.
Gordon e Rosemary detiveram-se à entrada. O grupo começou a olhá-los com expressões da classe média superior ofensivas. Eles tinham ar de cansados e pouco asseado, e não o ignoravam. A ideia de pedir sanduíches de queijo e cerveja quase se lhes varrera do pensamento. Não podiam sentar-se a uma mesa de um lugar daqueles e mandar vir simplesmente uma refeição tão frugal. Deparavam-se-lhes duas únicas alternativas: almoçar ou bater em retirada. O empregado era quase abertamente desdenhoso. Classificara-os num relance como desprovidos de dinheiro, mas também adivinhara que tinham em mente retirar-se e estava disposto a intervir antes que semelhante acto se consumasse.
- Desejam? - perguntou, levantando a bandeja da mesa.
Era agora! Bastava que dissessem « Duas sanduíches de queijo e duas cervejas», e ao diabo com as consequências. Infelizmente, a coragem de Gordon extinguira-se. Teriam de• almoçar. Com um gesto tanto quanto possível natural, enfiou a mão na algibeira. Queria tactear o dinheiro, para se certificar de que continuava lá. Sabia que lhe restavam sete xelins e onze pence. Os olhos do homem acompanharam o movimento, e Gordon teve a desconfortável sensação de que conseguia ver através do tecido e contar as moedas. Assim, num tom que tentou tornar altivo, proferiu:
- Pode-se almoçar?
- Almoçarr? Sim, senhorr. Queirram seguirr-me. O empregado era jovem, de cabelo preto e rosto pálido bem-parecido.