O Vil Metal - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 148 / 257

Era horrível senti-la repudiá-lo, naquele momento. Afigurava-se-lhe que acabava de ser atingido por um balde de água fria. Por fim, retrocedeu, desalentado, e começou a compor a roupa apressadamente.

- Que foi? Que tens?

- Oh, Gordon! Pensava que tu... oh, meu Deus!

Rosemary cobriu o rosto com as mãos e voltou-se para o lado, subitamente' envergonhada. - Que se passa? - insistiu ele.

- Como pudeste ser tão imprudente?

- Imprudente?

- Sabes perfeitamente ao que me refiro!

Gordon sentiu o coração contrair-se. Abarcava o que ela pretendia dizer, mas reconhecia que não lhe ocorrera.

Não obstante, devia ter pensado nisso infalivelmente. Levantou-se e evitou olhá-la. Compreendia que não podia prosseguir com aquilo. Num campo húmido, a uma tarde de domingo e, ainda por cima, em pleno Inverno! Impossível. Parecera tudo perfeito, natura, um minuto antes, todavia agora apresentava-se-lhe meramente' sórdido e hediondo.

- Não contei com isso - confessou, amargamente.

- Mas eu não podia deixar de te chamar a atenção! Devias tê-lo previsto.

- Decerto não esperavas que eu fosse comprar uma coisa dessas, hem?

- Não havia outro remédio. Preferias que eu tivesse um filho?

- Devias arriscar-te.

- És impossível, Gordon!

Ela conservava-se deitada e olhava-o, quase alarmada, demasiado perturbada para se lembrar da nudez. O desapontamento dele converteu-se em cólera. Voltava sempre ao mesmo! O dinheiro, mais uma vez! Mesmo nos actos mais íntimos da vida não se lhe pode fugir - é necessário estragar tudo com imundas precauções a sanque-frio por causa do dinheiro. Dinheiro, dinheiro, sempre' o dinheiro! Mesmo no leito nupcial, o dedo do deus-dinheiro não deixa de intervir! Nas alturas ou nas profundezas, encontra-se sempre presente. Deu alguns passos em breve vaivém, as mãos afundadas nos bolsos.

- O dinheiro, mais uma vez! - grunhiu. - Até em circunstâncias destas tem poder para nos cair em cima e transtornar.





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