A casa ao fundo da encosta irrompeu em cores vistosas - roxas-azuladas as telhas, vermelhos-cereja os tijolos. Somente o facto de não haver aves a cantar recordava que era Inverno. Gordon colocou o braço em torno de Rosemary e puxou-a para si vigorosamente. Sentavam-se, as faces coladas, em contemplação extática do vale. De súbito; ele voltou-a e beijou-a.
- Gostas de mim, não é verdade?
- Adoro-te, tonto.
- E vais ser boa para mim, hem?
- Boa, como?
- Deixar-me fazer-te o que quiser.
- Bem, acho que sim.
-Tudo?
- Sim, está bem. Tudo.
Tornou a recliná-la na relva. Agora, era muito diferente. O calor do sol parecia ter-se-lhes infiltrado nos ossos. «Despe-te», sussurrou ele, e Rosemary apressou-se a obedecer. Não deixava transparecer vergonha na sua frente. De resto, a temperatura era tão agradável e o local tão solitário, que a indumentária, resumida ou não, carecia de importância. Dispuseram a roupa dela no chão e fizeram uma espécie de cama. Desnuda, Rosemary deitava-se' de costas, mãos atrás da cabeça, olhos fechados, com um leve sorriso, como se tivesse ponderado tudo e estivesse em paz consigo própria.
Ele permaneceu ajoelhado a contemplá-la por longos momentos. A sua beleza impressionava-o. Parecia muito mais nova despida do que vestida. O rosto, inclinado para trás, de pálpebras cerradas, dir-se-ia quase infantil. Começou a acercar-se mais, todavia as moedas tilintaram na algibeira, mais uma vez. Restavam-lhe apenas oito pence! Os problemas não tardariam. No entanto, evitaria de pensar nisso imediatamente. O essencial era levar avante a sua presente intenção, e ao diabo com o futuro! Enfiou uma mão por baixo dela e depositou-lhe o corpo em cima.
- Posso... agora?
- Sim, está bem.
- Não tens medo?
- Não.
- Tentarei ser muito cuidadoso.
- Não te preocupes com isso. - Um momento depois. - Oh, Gordon, não! Não, não, não!
- Que se passa?
- Não, Gordon, não! Não deves! Não!
Ela estendeu as mãos e repeliu-o com violência. As faces apresentavam um ar remoto, aterrorizado, hostil.