- Prometo.
- As tuas cartas são a única coisa que me encoraja. Diz-me quando tencionas escrever, para ficar à espera e não apanhar uma desilusão, como noutras ocasiões.
- Escrevo amanhã à noite e, meto-a no marco na terça-feira. Assim, recebe-la na distribuição da noite.
- Então, adeus, Rosemary querida.
- Adeus, Gordon querido.
Ele deixou-a na bilheteira. Em seguida, afastou-se, e percorrera vinte metros, quando sentiu uma mão pousada no braço. Voltou-se com brusquidão e viu que era Rosemary. Introduziu-lhe na algibeira um maço de Gold Flake que' comprara no quiosque e correu para a estação do metropolitano antes que ele pudesse protestar.
Gordon seguiu para a pensão através dos baldios de Marylebone e Regent's Park. Era a parte mais difícil do dia. As ruas estavam pouco iluminadas e desoladas, dominadas pela estranha sensação de apatia da noite de domingo, quando as pessoas se encontram mais cansadas após um dia de ociosidade do que no final de uma Jornada de trabalho. E o frio apertava, combinado com o vento que se levantara ao anoitecer. Vivamente, o vento ameaçador varre... Os pés martirizavam-no, depois de percorrer mais de vinte quilómetros, além de que tinha fome.
Aliás, comera pouco desde que se levantara. De manhã, abandonara apressadamente a pensão sem um pequeno-almoço apropriado, e a refeição no Hotel Ravenscroft não constituíra positivamente um banquete. Desde então, não tornara a ingerir alimentos sólidos. No entanto, não acalentava a menor esperança de conseguir alguma coisa para enganar o estômago quando chegasse à pensão, pois comunicara a Mrs. Wisbeach que estaria ausente todo o dia.
Uma vez na Hampstead Road, teve de aguardar no passeio para deixar passar uma fiada de carros. Mesmo ali, tudo parecia sombrio e lúgubre, apesar das luzes intensas dos candeeiros públicos e o clarão dourado das montras das ourivesarias. Vivamente, o vento ameaçador varre os Flexíveis choupos, recém-despidos... Completara o poema, à excepção dos dois últimos versos.