O Vil Metal - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 158 / 257

E prosseguiu a caminho da pensão a repeti-lo:

Vivamente, o vento ameaçador varre

Os flexíveis choupos, recém-despidos,

E os tubos escuros das chaminés

Inclinam-se para baixo; fustigados por chicotes de ar

Cartazes rasgados agitam-se; ecoam friamente,

O ronco dos «eléctricos» e o ressoar dos cascos,

E os mangas-de-alpaca que correm para a estação,

Olham, tremendo, por cima dos telhados a leste,

Pensando cada um "Vem aí o Inverno! Faz

Com que conserve o emprego este ano, meu Deus»

E sombriamente, enquanto o frio lhes penetra

Nas entranhas, qual lança gelada,

Pensam na renda, nos preços, nos passes sociais,

No seguro, no carvão, nos parcos salários,

No calçado, nas contas do colégio e na próxima prestação

Das duas camas individuais do Drage's

Porque, se nos despreocupados dias estivais,

Nas matas de Ashtaroth nos prostituímos,

Agora arrepesos, quando o vento sopra frio,

Ajoelhamos ante o nosso legítimo amo;

O amo de todos, o deus-dinheiro,

Que nos governa o sangue, mãos e cérebro,

Dá o tecto que pára o vento,

E, ao dar, volta a tirar;

Espia com zeloso e eterno cuidado,

Os nossos pensamentos, sonhos e actos secretos,

Capta as nossas palavras e corta as nossas roupas,

E traça o rumo dos nossos dias;

Arrefece a nossa cólera, verga a nossa esperança,

Compra as nossas vidas e paga com brinquedos,

Exige como tributo uma fé inconstante,

Insultos aceites, prazeres discretos;

Restringe com grilhões a inspiração do poeta,

A força do escavador, o orgulho do soldado,

E ergue a subtil e isoladora divisória

Entre o apaixonado e a noiva.





Os capítulos deste livro