Mr. Cheeseman explicou que ainda não encomendara os livros. Falava de «encomendar os livros» como se tivesse em mente uma tonelada de carvão. Acrescentou que tencionava principiar com quinhentos títulos variados e as prateleiras já se achavam devidamente divididas por secções: «Sexo», «Crime», «Oeste Americano», e assim sucessivamente.
A missão que oferecia a Gordon revestia-se de extrema simplicidade. A única coisa que tinha de fazer era permanecer na loja dez horas por dia, entregar o livro escolhido, receber o dinheiro e desencorajar a presença dos ratoneiros mais óbvios. Quanto ao salário, sublinhou com uma mirada de través, seria de trinta xelins semanais.
Gordon aceitou sem hesitar. No entanto, Mr. Cheeseman ficou levemente desapontado, pois esperara que se registasse discussão, e teria apreciado esmagar os argumentos do pretendente recordando-lhe que quem pede não escolhe. Todavia, Gordon sentia-se satisfeito. O lugar convinha-lhe. Num emprego daqueles, não existiam problemas - não havia espaço para ambição, esforço ou esperança.