O Vil Metal - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 210 / 257

As prateleiras pintadas recentemente encontravam-se vazias e preparadas para serem utilizadas. Gordon observou num relance que não seria o tipo de livraria a que ele presidira em representação de McKechnie. Com efeito, a deste último primava pela elevada percentagem de obras de certo nível. Não ia abaixo de Ethel M. Defl e até continha livros de Lawrence e Huxley. Ao invés, tratava-se de uma das lojecas despretensiosas e nefastas (chamavam-lhes livrarias-cogumelos») que brotavam por toda Londres e se destinavam aos leitores de baixa cultura. Nos estabelecimentos dessa natureza, não havia um único volume jamais mencionado nas críticas ou do conhecimento de uma pessoa civilizada. Eram publicadas por editoras especiais de nível ínfimo e difundidas por distribuidoras à razão de quatro por ano, tão• mecanicamente como salsichas e com muito menos eficiência. Na realidade, não passavam de historietas de quatro pence disfarçadas de romances que apenas custavam à livraria proprietária um xelim e oito pence cada exemplar.

Mr. Cheeseman explicou que ainda não encomendara os livros. Falava de «encomendar os livros» como se tivesse em mente uma tonelada de carvão. Acrescentou que tencionava principiar com quinhentos títulos variados e as prateleiras já se achavam devidamente divididas por secções: «Sexo», «Crime», «Oeste Americano», e assim sucessivamente.

A missão que oferecia a Gordon revestia-se de extrema simplicidade. A única coisa que tinha de fazer era permanecer na loja dez horas por dia, entregar o livro escolhido, receber o dinheiro e desencorajar a presença dos ratoneiros mais óbvios. Quanto ao salário, sublinhou com uma mirada de través, seria de trinta xelins semanais.

Gordon aceitou sem hesitar. No entanto, Mr. Cheeseman ficou levemente desapontado, pois esperara que se registasse discussão, e teria apreciado esmagar os argumentos do pretendente recordando-lhe que quem pede não escolhe. Todavia, Gordon sentia-se satisfeito. O lugar convinha-lhe. Num emprego daqueles, não existiam problemas - não havia espaço para ambição, esforço ou esperança.





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