O Vil Metal - Cap. 12: Capítulo 12 Pág. 235 / 257

Com o coração aos saltos e as entranhas contraídas, tinha de ir buscar livro após livro e assegurar à adiposa cliente que se tratava da obra mais adequada às suas pretensões. Por último, após cerca de dez minutos, conseguiu despachá-la com algo que ela admitiu que «parece-me que ainda não li».

De novo sós, virou-se para Rosemary.

- Bem, que diabo vamos fazer? - perguntou, com ansiedade.

- Confesso que não vejo o que eu possa fazer. Se tiver o bebé, perco o emprego, sem dúvida. E não é só isso que me preocupa, mas o facto de a minha família se inteirar. A minha mãe... Nem quero pensar nisso!

- Ah, a tua família! Não me lembrava dela. As nossas famílias! Que malfadados empecilhos são!

- Não tenho razão de queixa da minha. Sempre me tratou o melhor possível. Mas numa situação destas, é tudo muito diferente.

Gordon deu alguns passos em excitado vaivém, por uns momentos. Embora a notícia o tivesse alarmado, ainda não abarcava toda a sua dimensão. A ideia de uma criança, o seu filho, a crescer no ventre dela não lhe despertara qualquer emoção, além de desolação. Não pensava no bebé como uma criatura viva, mas uma calamidade pura e simples. E já descortinava onde tudo aquilo iria parar.

- Bem, acho que vamos ter de casar - declarou em voz átona.

- Parece-te? Foi para te perguntar isso que vim.

- Mas suponho que queres que case contigo?

- Só se tu quiseres. Não tenciono obrigar-te. Sei que o casamento é contrário às tuas ideias. Tens de decidir sozinho.

- Mas não temos qualquer alternativa... se pretendes realmente ter o filho.

- Não forçosamente. É o que deves decidir. Porque, na realidade, existe outro meio.

- Qual?

- Ora, tu sabes qual é. Uma colega deu-me um endereço. Uma amiga fez um apenas por cinco libras.

A revelação arrancou-o da apatia. Apercebeu-se pela primeira vez, com a única espécie de conhecimento que conta, do que estavam realmente a falar.

A expressão «um filho» assumiu uma nova significação. Já não se referia a uma mera calamidade abstracta, mas a um rebento de carne e osso, um pedaço dele próprio, lá em baixo, no ventre dela, vivo e em desenvolvimento.





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