- Se casar contigo, terei de me tornar respeitável - murmurou Gordon, com uma expressão meditativa.
- Achas que eras capaz? - perguntou ela, com uma sugestão da sua antiga atitude.
- Quero dizer que vou ter de arranjar um emprego apropriado... voltar para a New Albion. Suponho que me aceitarão.
Ele sentiu-a empertigar-se com um estremecimento e calculou que esperava ouvi-lo dizer aquilo. Não obstante, estava disposta a fazer jogo limpo. Abster-se-ia de o incitar ou adular.
- Eu nunca disse que queria que fizesses isso. Desejo que cases comigo, sim, por causa do bebé. Mas não infiras daí que terás de me sustentar.
- Não faz sentido que case contigo, se não posso sustentar-te. Imagina que casávamos na minha actual condição: sem dinheiro, nem emprego digno desse nome. Que farias?
- Não sei. Continuaria a trabalhar enquanto pudesse. Depois, quando o meu estado se tornasse muito evidente... bem, creio que teria de recolher a casa de meus pais.
Por fim, respirou fundo e tomou uma decisão.
- Muito bem. Não vou conservar essa espada suspensa sobre a tua cabeça. É demasiado mesquinho. Casa comigo ou não cases, como quiseres. No entanto, terei o bebé, em qualquer dos casos.
- Farás isso? Realmente?
-Sim, creio que sim.
Tomou-a nos braços. O casaco abrira-se e o corpo estava morno em contacto com o dele, que reflectia que seria louco varrido se a deixasse escapar-se-lhe. Não obstante, a alternativa era impossível, e não a via menos claramente pelo facto de a apertar nos braços.
- Gostarias, claro, que voltasse para a New Albion.
- Não. Só se quisesses.
-Sim, quero. No fundo, é natural. Pretendes ver-me a ganhar de' novo um salário decente. Num bom emprego, com quatro libras semanais e uma aspidistra na janela. Não é isso? Confessa.