- Pois bem, sim, gostava que tal acontecesse. Mas gostava apenas. Não te obrigarei a fazê-lo. Detestaria ver-te proceder contra a tua vontade. Quero que te sintas livre.
- Real e verdadeiramente livre?
- Sim.
- Compreendes o que isso significa? Supõe que decidia abandonar-te e ao bebé?
- Se na verdade quisesses, paciência. És livre... absolutamente livre.
Passados mais alguns minutos, Rosemary retirou-se.
Mais tarde ou no dia seguinte, Gordon comunicar-lhe-ia o que decidira. Embora não houvesse a certeza absoluta de que a New Albion o readmitiria, mesmo que ele pedisse, era natural que o fizesse, em face do que Mr. Erskine dissera.
- Havia de ser óptimo para ti, hem? Mas estavas muito interessada em que eu voltasse para a New Albion. Mudaste de ideias?
- Ponderei a situação. Sei que te desagradaria ficares preso a uma ocupação regular. Não te censuro, no fundo. Tens a tua vida para viver.
Gordon continuou a reflectir por uns momentos e disse:
- Tudo se resume ao seguinte: ou caso contigo e volto para a New Albion ou procuras um desses abomináveis médicos para que pratique em ti uma carnificina por cinco libras.
Ao ouvir estas palavras, Rosemary soltou-se das mãos dele e levantou-se para o encarar. O que Gordon dizia perturbava-a, pois tornava a situação mais clara e hedionda que anteriormente.
- Por que falas assim?
- Bem, são essas as alternativas.
- Nunca tinha observado o assunto desse ângulo. Vim com a intenção de proceder imparcialmente. Afinal, dá a impressão de que pretendo forçar-te a tomar uma decisão... Tirando partido da tua sensibilidade com a ameaça de me livrar do feto. Uma espécie de vergonhosa chantagem.
- Não pretendo nada disso. Limitei-me a citar os factos.
O rosto dela estava cheio de sulcos e as sobrancelhas quase unidas. No entanto, jurara a si própria não provocar uma cena. Gordon adivinhava o que tudo aquilo representava para ela. Não conhecia os pais, mas podia imaginá-los.