O Vil Metal - Cap. 12: Capítulo 12 Pág. 243 / 257

Tratava-se de uma coisa miúda, deformada, desajeitada, por assim dizer, uma autêntica caricatura de um ser humano, com cabeça em forma de cúpula do tamanho do resto do corpo. No meio do enorme espaço correspondente à cabeça, via-se um pequeno botão que representava uma orelha. Encontrava-se de perfil, com o braço sem ossos dobrado e uma das mãos, tosca como uma barbatana de foca, cobria o rosto... felizmente, sem dúvida. Abaixo, havia pernas descarnadas, retorcidas como as de um macaco, com os dedos flectidos para dentro. Numa palavra, uma coisa monstruosa e, no entanto, singularmente humana. Surpreendia-o que os fetos começassem a parecer humanos tão cedo. Imaginara algo de muito mais rudimentar - uma mera gota com um núcleo, como um ovo de rã. Mas decerto era muito pequeno.

Baixou os olhos para as dimensões indicadas em baixo: trinta milímetros de comprimento. Quase do tamanho de uma groselha grande.

Mas talvez não tivesse principiado há tanto tempo.

Folheou o livro para trás e deparou-se-lhe a gravura de um feto de seis semanas. Uma coisa realmente horrível, desta vez - uma coisa que ele quase não conseguia olhar sem estremecer. Dava a impressão de que estava morto. A enorme cabeça, como que demasiado pesada para se manter erguida, inclinava-se em ângulo recto com o lugar em que se deveria situar o pescoço. Não havia nada a que se pudesse chamar rosto - apenas um leve sulco representativo do olho... ou seria a boca? Carecia de toda e qualquer parecença humana, assemelhando-se mais a um cachorro morto. Na verdade, os braços curtos e grossos eram muito caninos e as mãos meras garras. Quinze milímetros e meio de comprimento, das dimensões de uma avelã.

Consagrou longos minutos às duas gravuras. A sua fealdade tornava-as mais credíveis e, por conseguinte, mais impressionantes. O bebé parecera-lhe real desde o momento em que Rosemary falara de aborto, mas constituíra uma realidade sem forma visual- algo, que acontecia na escuridão e só se revestia de importância depois de ocorrer. Mas agora, no livro, verificava-se o processo autêntico.





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