Os olhos tornaram a focar-se nos cartazes do tapume.
Ele tinha as suas razões pessoais para os detestar. Releu os slogans mecanicamente. «Borqonha Canguru, o vinho para os bretões.» «A asma sufocava-a!» «O Molho Q. T. Mantém o Marido a Sorrir.» «Deslize todo o dia numa Prancha de Vitamalte!» "Curve Cut - o Fumo para os Homens do Ar Livre.» «As crianças choram pelos Flocos Truweet.» «A Mesa do Canto Saboreia a Refeição com Bovex.»
Ah! Um cliente - potencial, pelo menos. Gordon empertigou-se. Postado à porta, obtinha uma visão oblíqua da montra da frente sem ser visto. Observou o cliente potencial.
Um homem de meia-idade, aspecto decente, fato preto, chapéu de coco, guarda-chuva e pasta - um solicitador provinciano ou um escriturário do Município que espreitava a montra com os olhos grandes aguados. Exibia uma expressão de culpa'. Gordon seguiu a direcção do olhar. Ah, então era isso! Descobrira as primeiras edições de D. H. Lawrence no canto mais distante. Procurava uns borrifos de porcaria, claro. Ouvira falar vagamente de Lady Chatterley. Reflectiu que ele tinha um rosto pouco agradável. Pálido, sombrio, flácido, com contornos deficientes. Galês, a avaliar pelo aspecto não-conformista de qualquer modo. Tinha as bolsas regulares de dissidência em torno dos cantos da boca. Em casa, presidente da Liga de Pureza ou da Comissão de Vigilância Costeira local (chinelos de sola de borracha e lanterna eléctrica, à procura de pares aos beijos na parada da praia) e agora na cidade para se divertir. Gordon ansiava por que ele entrasse, para lhe vender um exemplar de Mulheres Apaixonadas. Como ficaria desapontado!
Mas não! O solicitador galês acobardara-se, Colocou o guarda-chuva debaixo do braço e afastou-se, de