Sangue Azul - Cap. 3: 3 Pág. 19 / 287

Não me sinto particularmente inclinado a obsequiar um inquilino. O parque estar-lhe-ia aberto, evidentemente, e poucos oficiais da Armada, ou homens de qualquer outra qualidade, terão desfrutado de uma tal largueza; mas as restrições que imporia em relação aos terrenos de recreio, isso já é outra coisa. Não me agrada a ideia de os meus bosques estarem sempre acessíveis, e recomendaria a Miss Elliot que estivesse atenta com respeito ao seu jardim. Asseguro-lhes que estou muito pouco inclinado a conceder a um inquilino de Kellynch-hall qualquer favor extraordinário, quer ele seja marinheiro quer soldado.

Após uma curta pausa, Mr. Shepherd tomou a liberdade de dizer:

- Em todos estes casos, há normas que tornam todas as coisas simples e fáceis entre senhorio e inquilino. Os seus interesses, Sir Walter, encontram-se em mãos muito seguras. Conte comigo para cuidar que nenhum inquilino tenha mais do que os seus justos direitos. Atrevo-me a dizer que Sir Walter Elliot não pode ser mais cioso daquilo que é dele do que John Shepherd o será por ele.

Neste ponto, Anne falou:

- Penso que a Armada, que tanto fez por nós, tem pelo menos um direito igual ao de qualquer outro conjunto de homens a todas a comodidades e a todos os privilégios que uma casa pode proporcionar. Todos nós temos de admitir que os marinheiros trabalham arduamente para conseguirem as suas comodidades.

- É muito verdadeiro, muito verdadeiro. O que Miss Anne diz é muito verdadeiro - foi o comentário de Mr. Shepherd, que a sua filha corroborou com um «Oh, certamente!». A réplica de Sir Walter não se fez, no entanto, esperar:

- A profissão tem a sua utilidade, mas eu lamentaria ver algum amigo meu ligado a ela.

- Deveras?! - foi a reacção, sublinhada por um olhar de surpresa.





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