Sangue Azul - Cap. 21: 9 Pág. 219 / 287

- Não, não, teve coisas mais interessantes com que se ocupar.

Não precisa de me dizer que passou uma noite agradável. Vejo-o nos seus olhos. Vejo perfeitamente como as horas passaram, que teve sempre alguma coisa agradável para escutar. Nos intervalos do concerto, foi conversa.

- Vê isso nos meus olhos? - perguntou Anne, com um meio sorriso.

- Vejo, sim. O seu semblante diz-me claramente que a noite passada esteve na companhia da pessoa que considera a mais agradável deste mundo, da pessoa que no momento presente lhe interessa mais do que o resto do mundo todo junto.

Alastrou um rubor pelas faces de Anne, que não conseguiu dizer nada.

- E sendo assim - continuou Mrs. Smith, após uma breve pausa -, espero que acredite que sei apreciar devidamente a sua amabilidade em vir aqui esta manhã. É, realmente, muita bondade sua ter vindo sentar-se aqui comigo, quando deve ter tantas outras maneiras mais agradáveis de passar o seu tempo.

Anne não ouviu nenhuma destas palavras. Continuava mergulhada no espanto e na confusão causadas pela sagacidade da sua amiga, incapaz de imaginar como poderia ter chegado ao seu conhecimento qualquer notícia a respeito do capitão Wentworth. Após outro silêncio:

- Diga-me, por favor - pediu Mrs. Smith -, Mr. Elliot está ao corrente de que me conhece? Ele sabe que eu estou em Bath?

- Mr. Elliot! - repetiu Anne, erguendo a cabeça, surpreendida. Um momento de reflexão bastou para a esclarecer quanto ao erro em que estivera a laborar. Compreendeu imediatamente e, recuperando a coragem de par com a sensação de segurança, não tardou a acrescentar, mais serenamente: - Conhece Mr. Elliot?

- Convivi muito com ele - respondeu Mrs. Smith, gravemente -, mas isso parece agora acabado. Há muito tempo que não nos vemos.





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