Sangue Azul - Cap. 22: 10 Pág. 243 / 287

o calor e a animação de uma sala pública eram necessários para atear a vaidade da sua modesta prima - descobriu, pelo menos, que isso não ia ser conseguido naquele momento por quaisquer das tentativas que pudesse fazer entre as exigências demasiado dominadoras dos outros. Longe estava de imaginar que se tratava de um assunto que actuava precisamente contra os seus interesses, trazer de repente aos pensamentos dela todas aquelas áreas da sua conduta que eram menos desculpáveis.

Anne sentiu alguma satisfação ao saber que ele ia realmente sair de Bath na manhã seguinte, que partiria cedo e estaria ausente quase dois dias. Foi convidado para Camden-place no próprio dia da sua chegada, mas de quinta-feira até à noite de sábado a sua ausência era certa. Já lhe bastava ter uma Mrs. Clay sempre diante dos olhos; acrescentar ao grupo da sua família um hipócrita ainda maior parecia-lhe o mesmo que destruir tudo quanto se parecia com paz e conforto. Era muito humilhante para ela pensar na constante decepção infligida a seu pai e a Elizabeth, considerar as várias fontes de mortificação que estavam a ser preparadas para eles! O egoísmo de Mrs. Clay não era tão complicado nem tão revoltante como o dele, e Anne teria pactuado imediatamente com o casamento e todos os males dele decorrentes só para se ver livre das subtilezas de Mr. Elliot no seu empenho em impedi-lo.

Na sexta-feira de manhã tencionava ir muito cedo a casa de Lady Russell e efectuar a necessária comunicação - e assim teria feito, logo após o pequeno-almoço, se Mrs. Clay não fosse sair também, com o propósito obsequioso de poupar à sua irmã um incómodo qualquer, o que a decidiu a esperar até se livrar de tal companhia. Esperou, portanto, que Mrs. Clay tivesse tempo para estar relativamente longe, antes de falar na sua intenção de passar a manhã em Rivers-street.