- Devia ter sabido distinguir - respondeu Anne. - Agora não devia ter duvidado de mim, sendo a situação tão diferente, e tão diferente a minha idade. Se eu errei ao ceder uma vez à persuasão, lembre-se de que foi à persuasão exercida a favor da segurança e não do risco. Quando eu cedi, pensei ser esse o meu dever; mas agora dever algum podia estar em jogo. Casando-me com um homem que me era indiferente, incorreria, sim, em todos os riscos e violaria todos os deveres.
- Talvez eu devesse ter raciocinado desse modo - admitiu ele -, mas não pude. Não soube beneficiar do conhecimento recente que adquirira sobre o seu carácter. Não fui capaz de tirar proveito dele: esse conhecimento estava esmagado, soterrado, perdido naqueles sentimentos que me tinham atormentado ano após ano. Eu só conseguia pensar em si como aquela que cedera, que tinha desistido de mim, que se tinha deixado influenciar por outra pessoa, e não por mim. Via-a com essa mesma pessoa que a tinha orientado nesse ano de infelicidade. Não tinha razão nenhuma para acreditar que ela tivesse agora menos autoridade. E havia a acrescentar a força do hábito.
- Eu pensava que a minha atitude para consigo poderia ter-lhe poupado muito de tudo isso - observou Anne.