Sangue Azul - Cap. 4: 4 Pág. 29 / 287

Uma tal oposição, como a gerada por esses sentimentos, era superior à capacidade de combate de Anne. Jovem e meiga como era, poderia mesmo assim ter resistido à má vontade do seu pai, apesar de ela não ter sequer a amenizá-la uma palavra ou um olhar amáveis da parte da irmã; mas Lady Russell, que ela sempre amara e em quem confiava, não podia, com tal firmeza de opinião e tamanha ternura de atitude, aconselhá-la muito tempo em vão. Foi, assim, persuadida a acreditar que o noivado era uma coisa errada - irreflectida, inconveniente, dificilmente susceptível de ter êxito, e não merecendo tê-lo. Mas, ao pôr-lhe fim, não agiu movida apenas por uma cautela egoísta. Se não se houvesse detido a imaginar o bem dele, mais ainda do que o seu próprio, por certo não teria renunciado a Wentworth. A convicção de estar a ser prudente e abnegada acima de tudo para bem dele, foi o seu principal consolo no tormento de uma separação - uma separação definitiva -, e bem precisada estava de todos os consolos possíveis, pois teria de enfrentar ainda toda a dor adicional de opiniões, da parte dele, totalmente inconformadas e inflexíveis, assim como do facto de ele se sentir insultado com um abandono tão forçado. Em consequência disso, Wentworth saíra da região.

Poucos meses tinham baseado para assistir ao início e ao fim do seu conhecimento; mas não foram poucos, longe disso, os necessários para porem cobro ao quinhão de sofrimento que coube em sorte a Anne. O seu afecto e a sua mágoa nublaram-lhe durante muito tempo todos os prazeres da juventude, tendo como efeito duradoiro uma perda precoce de viço e boa disposição.

Tinham decorrido mais de sete anos desde que esta pequena e triste história chegara