Sangue Azul - Cap. 4: 4 Pág. 30 / 287

ao seu termo, e o tempo atenuara muito, talvez quase todo, do peculiar afecto que a tinha ligado a ele mas ela tivera de depender demasiado do tempo, apenas, pois não recebera ajuda alguma sob a forma de mudança de lugar (excepto uma visita a Bath pouco depois da ruptura) ou qualquer novidade ou alargamento de convívio. Ninguém entrara, jamais, no círculo de Kellynch que pudesse sofrer comparação com o Frederick Wentworth que ela guardava na memória. Nenhum segundo afecto, única cura totalmente natural, feliz e suficiente na sua idade, tinha parecido aceitável ao carácter nobre da sua mente, à exigência delicada do seu gosto, dentro dos estreitos limites da sociedade que os cercava. Pelos vinte e dois anos, fora convidada a mudar de apelido pelo jovem que, não muito tempo volvido, encontrara um espírito mais disposto a aceitá-lo na sua irmã mais nova - e Lady Russell lamentara a rejeição de Anne, pois Charles Musgrove era o filho mais velho de um homem cujos bens de raiz e importância só ficavam atrás, naquela região, dos de Sir Walter, e que além do mais possuía bom carácter e boa apresentação. Embora Lady Russell tivesse desejado um pouco mais do que isso quando a afilhada tinha dezanove anos, teria rejubilado se a visse, aos vinte e dois, tão respeitavelmente afastada dos favoritismos e da injustiça da casa de seu pai e tão permanentemente instalada perto dela. Mas, neste caso, Anne não deixou espaço nenhum para a influência dos conselhos. E Lady Russell, apesar de convencida, como sempre, da justeza do seu próprio discernimento e de não lamentar a sua atitude no passado, começou a sentir uma espécie de ansiedade que raiava o desespero, uma vontade enorme de que Anne se sentisse tentada, por algum homem dotado de inteligência e independência, a adoptar aquele estado para o qual ela a achava especialmente bem habilitada pela ternura dos seus sentimentos e hábitos domésticos.




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