Sangue Azul - Cap. 1: VOLUME I – 1 Pág. 5 / 287

Assim sucedia com Elizabeth, que continuava a ser a mesma bonita Miss Elliot que começara a ser treze anos atrás, e por isso Sir Walter podia ser desculpado por esquecer a idade dela, ou pelo menos ser considerado apenas meio tolo, por pensar que ele próprio e Elizabeth conservavam a frescura de sempre no meio dos destroços da beleza de todas as outras pessoas - pois ele via claramente como o resto da sua família e dos seus conhecidos estava a envelhecer. Anne, magra e sem viço; Mary, vulgar; todos os rostos da vizinhança a irem de mal a pior, e a multiplicação dos pés-de-galinha nas têmporas de Lady Russel, que há muito tempo o afligiam.

Elizabeth não sentia exactamente o mesmo que o pai no respeitante a satisfação pessoal. Durante treze anos fora vista como senhora de Kellynch-hall, a tudo presidindo e tudo dirigindo com uma presença de espírito e uma firmeza que jamais poderiam ter dado a ideia de que fosse mais nova do que realmente era. Durante os mesmos treze anos fizera as honras da casa e estabelecera as normas domésticas, e seguira à frente para a carruagem de quatro cavalos, saindo imediatamente atrás de Lady Russell de todos os salões e salas de jantar da região. As geadas sucessivas de treze invernos tinham-na visto inaugurar cada baile de honra que uma comunidade reduzida se podia permitir, e treze primaveras tinham mostrado as suas flores enquanto ela viajava para Londres com o pai, para algumas semanas de fruição anual do grande mundo. Ela guardava a recordação de tudo isso: tinha a consciência de contar vinte e nove anos a causar-lhe alguns pesares e algumas apreensões. Estava plenamente convencida de que ainda era tão bonita como sempre fora, mas sentia aproximarem-se os anos perigosos e rejubilaria se pudesse ter a certeza de que seria adequadamente requestada por alguém com sangue de baronete no próximo ano ou no seguinte.





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