Os Pobres - Cap. 12: XI - Luísa e o morto Pág. 76 / 158

Que hei-de fazer? Tenho esta camisa que trago no corpo. Uma saia empenhei-a. Há dois dias que não como.

– Mata-te. Para que vieste tu ao rio?

– Para me afogar... Mas tenho um medo à água!...

Quando meti os pés no rio tão negro, fugi...

Apertou-a nas grandes mãos, mas ela nem sequer gritou. Era uma coisa já sem forças, abandonada, que chegara a compreender que seria sempre a presa do mais forte. O ladrão ria. E ela só gemeu:

– Ó minha mãezinha!...

E tombou para o lado.

O Morto palpou-a. Estava encharcada, todo o pobre corpo, ainda por criar, enregelado e transido.

– Tu que tens?

– Nada. Fome.

– Toma lá.

E o ladrão deu-lhe todo o pão que trazia.





Os capítulos deste livro