- Eu, senhor.
- Tem notado alguma coisa esquisita nelas?
- Sim, mas de pouca importância; três apareceram coxas.
Reparei que Holmes ficara extremamente satisfeito com esta resposta, pois ria-se por entre dentes e esfregava refastelado as mãos.
- Isto foi um grande furo, Watson, um grande furo! - Quase cantou, beliscando-me o braço. E voltando-se para o inspector: - Gregory, perdoe-me se lhe chamo a atenção para esta epidemia que grassa entre as ovelhas. A caminho, cocheiro!
O coronel Ross mantinha uma expressão que revelava uma confiança duvidosa na competência do meu companheiro, mas, ao mesmo tempo, reparei que o inspector ficara vivamente interessado.
- Acha que é importante? - perguntou.
- Muitíssimo.
- E há mais algum outro ponto para o qual deseje chamar ainda a minha atenção?
- Sim. Para o curso incidente do cão àquela hora da noite.
- O cão nada fez.
- Ora é isso mesmo que torna o incidente curioso - rematou Sherlock Holmes.
Quatro dias depois, Holmes e eu tomávamos, outra vez, o comboio de Winchester para assistir à disputa da Taça de Wessex. O coronel Ross, por prévia combinação, esperava-nos fora da estação. Mal chegámos, dirigimo-nos para o hipódromo, nos arredores da cidade. A fisionomia do coronel mantinha-se invariavelmente grave e o seu comportamento era frio, ao extremo.
- Continuo sem saber nada do meu cavalo - disse.
- Se o vir, acha que é capaz de o reconhecer? - perguntou Holmes.
- Há vinte anos que faço parte do turfe nunca me perguntaram tal coisa - respondeu o coronel, visivelmente irritado. - Até uma criança seria capaz de reconhecer o Estrela de Prata, com a sua malha branca na testa e a perna direita sarapintada.