O Mundo Perdido - Cap. 13: Capítulo 13 Pág. 198 / 286

Junto das cinzas fumegantes da fogueira, a erva estava manchada de sangue: uma poça escarlate fez-me pôr os cabelos em pé.

Creio que durante alguns instantes perdi literalmente a razão.

Recordo-me vagamente, como nos recordamos de um mau sonho, de ter corrido à volta do acampamento e revistado os bosques, berrando os nomes dos meus camaradas. A sombra não trouxe nenhum eco. O desespero invadiu-me: nunca mais os voltaria a ver? Estava, portanto, entregue à minha funesta sorte naquela terra maldita? Como não existia qualquer meio de descer até ao mundo civilizado, ia ter de viver e morrer naquela terra de pesadelo? Foi somente nesse instante que realizei o quanto me habituara a contar com os meus companheiros, com a serena confiança em si próprio de Challenger, com o sangue-frio e o humor de Lorde John Roxton. Privado deles, sentia-me como uma criança no escuro, impotente e trémula. Não sabia nem o que fazer nem como agir.

Mesmo assim, pus-me a pensar; que lhes teria, afinal, sucedido?

O aspecto desarrumado do acampamento indicava que se produzira uma espécie de ataque e o tiro revelava, sem dúvida, a hora em que ele ocorrera. Que só um tivesse sido disparado, eis o que provava que o ataque triunfara em poucos segundos. As armas tinham ficado no solo e uma delas (a espingarda de Lorde John) tinha um cartucho vazio na culatra. Os cobertores de Summerlee e de Challenger, ao lado da fogueira, sugeriam que no momento do ataque eles dormiam.





Os capítulos deste livro