Estamos na caverna certa.
Olhei o desenho e soltei, de súbito, um grito de alegria. - Creio que já está! Sigam-me! Sigam-me!
Voltei para trás de archote em punho.
- Aqui - disse, mostrando alguns fósforos no chão. - Eis o sítio onde acendemos os archotes.
- Exactamente.
- Ora bem, esta caverna está desenhada como um garfo de duas ramificações. No escuro ultrapassámos o entroncamento. À nossa direita deveríamos encontrar a ramificação mais comprida.
Eu tinha razão. Não andáramos mais de trinta metros para trás e logo uma grande abertura negra se desenhou na parede. Precipitámo-nos para o interior: o corredor era muito mais largo. Quase corríamos. Ofegantes, avançámos várias centenas de metros, loucos de impaciência, de esperança. Então, de repente, na obscuridade profunda do arco, brilhou uma luz encarnada e sombria. Parámos para deliberarmos. Dir-se-ia que um lençol em chamas tapava a passagem. Retomámos a nossa corrida: era preciso saber. Nenhum som, nenhum calor, nenhum movimento eram perceptíveis ou emanavam daquele enorme pano de fundo luminoso que brilhava à nossa frente, que inundava a caverna com uma luz prateada, que transformava a poeira numa nuvem de jóias... Quando nos aproximámos, avistamos uma aresta circular.
- A lua, ia jurá-lo! - berrou Lorde John. - Atravessámos, meus meninos! Estamos do outro lado!
Era, realmente, a lua cheia que brilhava directamente no orifício que se abria para a outra face do escarpamento. Oh, não era grande! Um pouco mais largo do que uma janela, mas bastante, mesmo assim, para podermos realizar o nosso sonho.