O Mundo Perdido - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 4 / 286

Não tinha importância: fosse o que fosse o que pudesse acontecer, naquela mesma noite, eu iria até ao fim! Acabadas as hesitações! Afinal de contas, ela não poderia fazer pior do que recusar-se; e mais valia ser um apaixonado corrido do que um irmão bem aceite.

Os meus pensamentos tinham-me conduzido até ali, e ia romper um silêncio longo e penoso quando dois olhos negros severos me fixaram: vi então o rosto altivo que eu amava contrair-se sob o efeito de uma reprovação sorridente.

- Julgo adivinhar o que está prestes a propor-me, Ned - disse-me ela. - Espero que não faça nada porque o actual estado de coisas agrada-me mais.

Aproximei a minha cadeira.

- Vejamos, como sabe o que eu estava prestes a propor-lhe? - perguntei com uma admiração ingénua.

- Como se as mulheres não soubessem sempre! Uma mulher deixa-se alguma vez apanhar desprevenida? Mas, ó Ned, a nossa amizade foi tão boa e agradável! Seria realmente pena estragá-la! Não acha maravilhoso que um jovem e uma rapariga possam falar tão livremente como nós o fizemos?

- Talvez, Gladys. Mas, compreende, também posso falar muito livremente com... com um chefe de estação!...

Ainda pergunto a mim próprio porque este digno funcionário se introduziu no nosso debate, mas a sua ingerência provocou uma dupla gargalhada.

- ...e isso não me satisfaz de modo algum - insisti. - Quero os seus braços à minha volta, a sua cabeça no meu peito e, ó Gladys, quero...





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