O Mundo Perdido - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 56 / 286

Uma fila de «coupés» aliviava-se da sua carga de professores de barba branca. O fluxo escuro dos humildes peões que se precipitavam pela porta ogival deixava prever que a reunião obteria um sucesso duplo: tanto popular como científico. Assim que ficámos instalados, pareceu-nos que uma juventude numerosa se tinha apoderado das galerias e que transbordava até às últimas fileiras do hall. Olhei para trás de nós: reconheci muitos rostos familiares de estudantes de Medicina. Segundo tudo indicava, os grandes hospitais haviam enviado, cada um deles, uma equipa de representantes. O bom humor reinava, mas a malícia já espreitava. Havia cópias entoadas em coro com um entusiasmo que servia de estranho prelúdio a uma conferência científica. Um belo serão, isso seria com certeza!

Por exemplo, quando o idoso Doutor Meldrum, com o seu célebre chapéu alto de abas enroladas, apareceu na tribuna, foi acolhido por um clamor tão geral como irrespeitoso: «Chapéu! Chapéu!» O idoso Doutor Meldrum apressou-se a tirar o chapéu e a escondê-lo debaixo da cadeira. Quando o Professor Wadley, a coxear devido à gota, se encaminhou para o seu lugar, brotaram de todo o lado perguntas afectuosas acerca do estado dos seus pobres dedos grandes dos pés, o que não deixou de embaraça-lo. Mas a maior manifestação foi reservada, no entanto, ao meu novo conhecimento, o Professor Challenger, quando este atravessou a assembleia para tomar assento na ponta da primeira fila da tribuna: assim que a sua barba negra apareceu, foi saudado com tais uivos de boas vindas que perguntei a mim próprio se Tarp Henry não estaria na razão e se aquela numerosa assistência não se teria deslocado por saber que o famoso professor interviria nos debates.





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