O Mundo Perdido - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 57 / 286

A sua entrada provocou alguns risos de simpatia nos primeiros bancos em que se encaixavam espectadores bem vestidos, como se a manifestação dos estudantes não lhes desagradasse. Essa manifestação foi, na verdade, motivo para uma barulheira tremenda: imagine-se o bacanal que se esboça na jaula das feras de grande porte quando se fazem ouvir ao longe os passos do guarda encarregado de alimentá-las. Talvez houvesse naquele barulho confusas veleidades de ofensa? Todavia, liguei-a mais a uma simples turbulência, à ruidosa recepção de alguém que divertia e interessava, e não de um personagem detestado ou desprezado. Challenger sorriu com uma lassidão desdenhosa, mas indulgente, como qualquer homem educado teria sorrido perante a berraria de um bando de cachorros. Sentou-se com uma sábia lentidão, bombeou o torso, acariciou a barba e inspeccionou por entre as pálpebras semicerradas a multidão que tinha diante de si. O tumulto que o acolhera ainda não se acalmara quando o Professor Ronald Murray, que presidia, e Mr. Waldron, o conferencista, avançaram para a tribuna. Ia começar a sessão.

O Professor Murray desculpar-me-á, estou certo, se eu ousar escrever que ele partilha com muitos ingleses o dom da inaudibilidade. Por que diabo as pessoas que têm algo de válido para dizer não se preocupam em ser ouvidas? Isto é um dos mistérios da vida moderna!





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