O Mundo Perdido - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 58 / 286

O seu método oratório é tão pouco razoável como aquele que, para alimentar um reservatório, se obstinasse a fazer passar água da fonte através de um tubo entupido, quando um esforço minúsculo o desentupiria. O Professor Murray dirigiu algumas observações profundas à sua gravata branca e à sua garrafa de água, entregando-se de seguida a um aparte humorístico e até cintilante sobre o castiçal de prata que se erguia à sua direita. Depois disto voltou a sentar-se e Mr. Waldron, o nosso célebre conferencista, Suscitou, quando se pôs de pé, um murmúrio de aprovação geral. Era um homem de rosto magro e austero, voz rude, modos agressivos; tinha, pelo menos, o mento de saber como assimilar as ideias dos outros e transmiti-las de uma maneira interessante para o profano; possuía Igualmente o dom de ser divertido quando abordava assuntos tão rebarbativos como a precessão do equinócio ou a formação de um vertebrado.

Desenvolveu à nossa frente o panorama da criação, pelo menos tal como a ciência o interpreta, numa linguagem sempre clara e por vezes pitoresca. Falou-nos do globo terrestre, uma grande massa de gases Inflamados a girar nos céus. Depois representou-nos a solidificação, o arrefecimento, a aparição das rugas que formaram as montanhas, o vapor que se tornou água, a lenta preparação da cena na qual la ser representado o drama inexplicável da vida. Acerca da origem da vida mostrou-se discretamente impreciso. Declarou-se quase certo de que os seus germes dificilmente teriam sobrevivido à cozedura original. Portanto, teria aparecido ulteriormente.





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