Mas como? Surgira dos elementos inorgânicos do globo em vias de arrefecimento? Era muito verosímil. Os germes da vida teriam sido trazidos do exterior por um meteoro? Era menos verosímil. Em suma, o sábio devia evitar todo o dogmatismo acerca deste ponto. Não podíamos ou, pelo menos, ainda não, criar vida orgânica no laboratório a partir de elementos inorgânicos. O abismo entre o morto e o vivo ainda não fora franqueado pela química. Mas existia uma química mais alta e mais subtil, a química da Natureza, que trabalhava com grandes forças sobre longas épocas: porque não produziria ela resultados que nos era impossível obter?
Isto conduziu o conferencista a traçar um quadro da vida animal.
No fundo da escala, os moluscos e as fracas criaturas do mar: depois, subindo pelos répteis e os peixes, uma ratazana canguru fêmea, criatura que leva à sua frente os filhos, antepassada em linha recta de todos os mamíferos e, provavelmente, de todos os auditores esta conferência. «Não, não!», protestou um estudante céptico nas últimas filas.) Se o jovem cavalheiro da gravata vermelha que gritou «Não, não!» e que reivindicou verosimilmente assim ter nascido de um ovo, tivesse a bondade de aguardá-lo depois da conferência o conferencista sentir-se-ia feliz por contemplar um tal fenómeno. (RISOS.) Era estranho pensar que o mais alto grau do antigo processo natural consistia na criação deste cavalheiro de gravata vermelha. Mas o processo tinha parado? Aquele cavalheiro podia ser considerado como o tipo último - o apogeu, a conclusão da evolução?