- Parou, depois voltou atrás até ao portão do jardim - interrompeu o meu companheiro. - Para que fez isso?
Rance deu um salto e ficou a olhar fixamente para Sherlock Holmes com a surpresa estampada no rosto.
- Mas, sir, é verdade - disse ele -; como é que soube, só Deus sabe. Compreende, quando me aproximei da porta estava tudo tão calmo e triste que pensei que não me aconteceria nada. Não tenho medo de nada neste lado da sepultura, mas pensei que talvez tivesse sido ele que morreu de febre tifóide quando inspeccionava os canos de esgoto e que isso o tivesse morto. Ao pensar nisto assustei-me e voltei ao portão para ver se conseguia vislumbrar a lanterna do Murcher, mas não havia sinal dele nem de qualquer outra pessoa.
- Não havia mais ninguém na rua?
- Ninguém, sir, nem sequer um cão. Depois enchi-me de coragem, voltei atrás e empurrei a porta. Não se ouvia nada lá dentro, por isso entrei na sala onde brilhava a luz. Havia uma vela a tremeluzir em cima da prateleira da lareira uma vela de cera vermelha - com a luz dela vi...
- Sim, sei tudo o que viu. Andou à volta da sala várias vezes, ajoelhou-se junto ao corpo e em seguida saiu de lá e experimentou a porta da cozinha; depois...
John Rance pôs-se de pé de um salto, com um rosto assustado e desconfiança no olhar.
- Onde estava escondido pata ver tudo isso? - gritou ele. - Parece-me que sabe muito mais do que devia.
Holmes riu e atirou o cartão-de-visita para cima da mesa na direcção do polícia.