Cândido - Cap. 1: CAPÍTULO I - Como Cândido foi educado num belo castelo e porque dele foi expulso Pág. 1 / 118

CAPÍTULO I - Como Cândido foi educado num belo castelo e porque dele foi expulso

Havia na Vestefália, no castelo do Sr. Barão de Thunder-ten-tronckh, um jovem que a natureza tinha dotado com as melhores qualidades. O seu rosto era o espelho da alma. Era de entendimento claro e espírito simples; e creio que foi essa a razão por que lhe deram o nome de Cândido. Os velhos criados da casa suspeitavam de que ele era filho da irmã do Sr. Barão e de um bom e honrado cavalheiro da vizinhança que aquela dama não quisera desposar por ele só ter conseguido provar setenta e um costados de nobreza e por o resto da sua árvore genealógica se ter perdido com os estragos do tempo.

O Sr. Barão era um dos mais poderosos senhores da Vestefália, porque o seu castelo tinha uma porta e algumas janelas.

O salão era até ornado com uma tapeçaria. Todos os cães dos seus pátios podiam, em caso de necessidade, formar uma matilha; os seus palafreneiros1 serviam-lhe de picadores e o cura da aldeia de esmoler-mor, Todos lhe chamavam Monsenhor e riam das histórias que ele contava.

A Sr.' Baronesa, que pesava cerca de trezentas e cinquenta libras, gozava, por isso, de uma grande consideração e fazia as honras da casa com uma dignidade que a tornava ainda mais respeitável. A sua filha Cunegundes, de dezassete anos, era corada, fresca gorda, apetitosa. O filho do barão parecia em tudo digno do pai. O preceptor Pangloss era o oráculo da casa e o pequeno Cândido escutava-lhe as lições com toda a boa-fé da sua idade e do seu carácter.

Pangloss ensinava a metafísico-teológico-cosmolólogonigologia. Provava admiravelmente que não há efeito sem causa e que, neste melhor dos mundos possíveis, o castelo do Sr.





Os capítulos deste livro

CAPÍTULO I - Como Cândido foi educado num belo castelo e porque dele foi expulso 1 CAPÍTULO II - O que aconteceu a Cândido entre os Búlgaros 4 CAPÍTULO III - Como Cândido se livrou dos Búlgaros e o que lhe aconteceu 7 CAPÍTULO IV - Como Cândido encontrou o seu antigo mestre de filosofia, o Dr. Pangloss, e o que lhe aconteceu 10 CAPÍTULO V - Tempestade, naufrágio, tremor de terra, e o que aconteceu ao Dr. Pangloss, a Cândido e ao anabaptista Tiago 14 CAPÍTULO VI - Como se fez um belo auto-de-fé para impedir os tremores de terra e como Cândido foi açoitado 18 CAPÍTULO VII - Como uma velha cuidou de Cândido e ele encontrou aquela que amava 20 CAPÍTULO VIII - História de Cunegundes 23 CAPÍTULO IX - O que aconteceu a Cunegundes, a Cândido, ao inquisidor-mor e ao judeu 27 CAPÍTULO X - Em que angústia Cândido, Cunegundes e a velha chegam a Cádis e como embarcaram 29 CAPÍTULO XI - História da velha 32 CAPÍTULO XII - Continuação da história das desgraças da velha 36 CAPÍTULO XIII - Como Cândido foi obrigado a separar-se da bela Cunegundes e da velha 40 CAPÍTULO XIV - Como Cândido e Cacambo foram recebidos entre os jesuítas do Paraguai 43 CAPÍTULO XV - Como Cândido matou o irmão da sua querida Cunegundes 47 CAPÍTULO XVI - O que aconteceu aos dois viajantes com duas raparigas, dois macacos e os selvagens chamados Orelhões 50 CAPÍTULO XVII - Chegada de Cândido e do seu criado ao país do Eldorado e o que aí Viram 54 CAPÍTULO XVIII - O que viram no país do Eldorado 58 CAPÍTULO XIX - O que lhes aconteceu em Suriname e como Cândido conheceu Martin 64 CAPÍTULO XX - O que aconteceu no mar a Cândido e a Martin 70 CAPÍTULO XXI - Cândido e Martin aproximam-se das costas de França e filosofam 73 CAPÍTULO XXII - O que aconteceu em França a Cândido e a Martin 75 CAPÍTULO XXIII - Cândido e Martin dirigem-se para as costas de Inglaterra e o que por lá vêem 87 CAPÍTULO XXIV - De Paquette e do Irmão Giroflée 89 CAPÍTULO XXV - Visita ao Sr. Pococuranté, nobre veneziano 94 CAPÍTULO XXVI - De uma ceia que Cândido e Martin tiveram com seis estrangeiros e quem eles eram 100 CAPÍTULO XXVII - Viagem de Cândido para Constantinopla 104 CAPÍTULO XXVIII - O que aconteceu a Cândido, Cunegundes, Pangloss, Martin, etc. 108 CAPÍTULO XXIX - Como Cândido reencontrou Cunegundes e a velha 111 CAPÍTULO XXX – Conclusão 113