Eurico, o Presbítero - Cap. 14: Capítulo 14 Pág. 119 / 186

A esta voz, lá na orla da floresta, ao cabo do sarçal, surgiram de repente uns reflexos metálicos, que se agitavam trémulos, semelhantes à fosforência de um marnel por noite sem lua. Depois, o grito de «Covadonga e Pelágio!» foi repetido daquele lado da gandra, como respondendo ao que soltara o cavaleiro.

— São os nossos valentes irmãos — disse ao companheiro o que falara com os decanos das tiufadias transfretanas. — São nossos irmãos, que nos esperam. Tu, Sanción, guiarás ao meio deles a nobre irmã do duque de Cantábria. Entretanto eu reterei aqui os miseráveis renegados, que já descem do outeiro a perseguir-nos; retê-los-ei enquanto alcançais a entrada do bosque e vos embrenhais na serrania, seguindo ao norte. A agrura das montanhas e a profundeza dos vales das Astúrias demorarão os inimigos, quando eu haja de perecer e não puder embargar-lhes os passos. Ide-vos.

— Não perecerás sem mim, cavaleiro negro — replicou o fero Sanción. — Cumprirei o que ordenas, porque jurei obedecer-te cegamente enquanto não salvássemos a irmã de Pelágio. Mas, apenas alcançar a orla da floresta onde mandaste esperar os nossos dez companheiros, voltarei com todos os que me quiserem seguir. Para guiar a filha de Fávila bastam dois guerreiros: o resto não bastará, talvez, a reter durante o tempo necessário para a fuga a turba dos infiéis que se aproxima.

E, sem esperar a resposta do cavaleiro negro, Sanción adiantou-se, dizendo à donzela, que apenas pudera perceber algumas palavras truncadas da conversação dos dois:

— Partamos!





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