Inferno - Cap. 20: Capítulo 20 Pág. 60 / 102

Respondi: «Mestre, tão certas me parecem as tuas palavras e tanto nelas creio que outras para mim como carvões apagados haveriam de ser. Mas diz-me se, de entre a gente que avança, alguém vês digno de nota, pois outra coisa o meu espírito não visa.» Disse-me então: «Aquele cuja barba cai do rosto até aos crestados ombros foi áugure quando a Grécia de varões tão privada se viu que apenas lhe restaram os de berços, e juntamente com Calcas, na Áulide, indicou o momento de largar o primeiro cabo. Teve por nome Eurípilo e assim o canta a minha alta tragédias em certo passo; tu bem o sabes, pois na totalidade a conheces. Aquele outro, tão magro foi Miguel Scott, que perfeitamente conhecia o fraudulento joga da magia. Vê Guido Bonatti, e vê Asdente, que bem desejaria agora ter-se mantido fielmente agarrado ao couro e ao cordel, mas tarde de mais se arrepende. Vê as tristes que deixaram a agulha, o fuso e a lançadeira para adivinhas se tornarem e com ervas e figuras compor encantamentos. Mas vem agora que Caim com os espinhos já chega aos confins dum e doutro hemisfério e toca o mar abaixo de Sevilha; ontem à noite estava já redonda a Lua, e bem o deves recordar, pois uma vez na selva obscura te foi de valimento.»

Assim me falava enquanto caminhávamos.





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