Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 22: Capítulo 22

Página 64

Já vi cavaleiros levantarem arraiais e começarem o combate e passarem revista, e certa vez retirarem para se pôr a salvos vi incursões em vossa terra, ó Aretinos, e vi correrias e vi saques, combater em torneios e em justas correr, quer ao som de trombetas, quer mesmo ao som de sinos', com tambores e com fogueiras nos castelos, com coisas próprias e com outras estranhas; mas nunca com tão desusado clarim vi porem-se em marcha cavaleiros, nem infantes, nem barco por sinais de terra ou das estrelas.

Amos com os dez Demónios—ai de mim, que feroz companhia!—, mas na igreja com os santos e com os ébrios na tabernas. No entanto, eu estava ainda no pez concentrado para ver do fosso todo o conteúdo e a gente que lá dentro fervia. Como os delfins quando aos marinheiros dão sinal, arqueando a espinha, que se preparam para o seu navio salvar, também assim, para aligeirar a pena, mostravam alguns dos pecadores o dorso e como um raio voltavam a oculta-lo. E, como à flor da água de um charco estão as rãs tendo de fora a cabeça, escondendo as paras e o resto do corpo, assim estavam por toda a parte os pecadores; mas, mal se aproximava Barbariccia, logo no pez fervente mergulhavam.

Vi, e de tal se me aperta ainda o coração, um esperar, como sucede às vezes quando uma rã permanece e outra salta; e Graffiacan, que mais perto dele estava, cravar-lhe o craque entre os pegajosos pêlos e erguê-lo, parecendo-me uma lontra. Sabia já de todos o nome, pois prestara atenção quando os haviam chamado e atentei em como os nomeavam: «Eh, Rubicante, crava-lhe as unhas no dorso e tira-lhe a pele!», gritavam todos os malditos juntos. E eu: «Meu mestre, tenta, se puderes, saber quem é o desgraçado que nas mãos dos adversários caiu.» O meu guia aproximou-se dele e perguntou-lhe donde era, ao que ele respondeu: «Nasci no reino de Navarra. Minha mãe pôs-me ao serviço de um senhor, pois me tinha gerado de um tratante que a si próprio e aos seus bens destruiu. Depois fui servo do bom rei Tebaldo e ali me entreguei à prática da fraude, pela qual respondo neste Fez.»

<< Página Anterior

pág. 64 (Capítulo 22)

Página Seguinte >>

Capa do livro Inferno
Páginas: 102
Página atual: 64

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 10
Capítulo 5 13
Capítulo 6 16
Capítulo 7 19
Capítulo 8 22
Capítulo 9 25
Capítulo 10 28
Capítulo 11 31
Capítulo 12 34
Capítulo 13 37
Capítulo 14 40
Capítulo 15 43
Capítulo 16 46
Capítulo 17 49
Capítulo 18 52
Capítulo 19 55
Capítulo 20 58
Capítulo 21 61
Capítulo 22 64
Capítulo 23 67
Capítulo 24 70
Capítulo 25 73
Capítulo 26 76
Capítulo 27 79
Capítulo 28 82
Capítulo 29 85
Capítulo 30 88
Capítulo 31 91
Capítulo 32 94
Capítulo 33 97
Capítulo 34 100