Sangue Azul - Cap. 10: 10 Pág. 93 / 287

Quando alguém vem assim, propositadamente, convidar-nos, como podemos dizer que não?

Quando se preparavam para partir, os cavalheiros regressaram.

Tinham levado um cão de pouca idade, que lhes estragara a caçada e fizera voltar cedo. O seu tempo, as suas forças e a sua disposição estavam, portanto, exactamente à medida daquele passeio, e eles resolveram participar com prazer. Se Anne pudesse ter previsto semelhante eventualidade, teria ficado em casa; mas, influenciada por alguns sentimentos de interesse e curiosidade, pareceu-lhe ser agora demasiado tarde para voltar atrás, e os seis partiram juntos na direcção escolhida pelas irmãs Musgrove, que evidentemente se consideravam com direito a guiar o passeio.

O objectivo de Anne era não se atravessar no caminho de ninguém e, quando os carreiros estreitos que rasgavam os campos impusessem muitas separações, manter-se com o cunhado e a irmã. O seu prazer no passeio tinha de provir do exercício e do dia, de ver os últimos sorrisos do ano nas folhas acastanhadas e nas sebes murchas, e de repetir para consigo algumas das mil descrições poéticas existentes para referir o Outono, essa estação de peculiar e inesgotável influência nas mentes dotadas de gosto e de ternura, essa estação que inspirara a todo o poeta digno de ser lido alguma tentativa de descrição, ou alguns versos sentidos. Ocupava ao máximo o seu pensamento com semelhantes meditações e citações, mas era-lhe impossível, quando estava ao alcance da conversa do capitão Wentworth com qualquer das irmãs Musgrove, não tentar escutá-la. No entanto, pouco ouviu de muito importante. Tratava-se apenas de um tagarelar animado, do género que quaisquer jovens, ligados por certa intimidade, poderiam travar. Ele ocupava-se mais com Louisa do que com Henrietta.





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