Sangue Azul - Cap. 10: 10 Pág. 94 / 287

Era evidente que aquela atraía mais a atenção dele do que a irmã. Esta preferência parecia aumentar e houve umas palavras de Louisa que a surpreenderam. Após um dos muitos louvores ao dia, que não paravam de se ouvir, o capitão Wentworth acrescentou:

- Que magnífico tempo para o almirante e a minha irmã! Eles tencionavam dar um grande passeio de carruagem esta manhã; talvez os possamos saudar de algumas destas colinas. Disseram que viriam para este lado da região. Pergunto-me onde é que eles se vão virar hoje. Oh, isso acontece-lhes com- muita frequência! Garanto-lhe que a minha irmã não se preocupa nada, tanto se lhe dá ser cuspida como não.

- Ah, sei que está a brincar! - exclamou Louisa. - Mas se fosse realmente assim, eu, no lugar dela, faria exactamente a mesma coisa. Se amasse um homem como ela ama o almirante, estaria sempre com ele, nada jamais nos separaria, e preferiria ser cuspida de uma carruagem virada por ele do que conduzida em perfeita segurança por outra pessoa qualquer.

Estas palavras foram ditas com entusiasmo.

- Está a falar a sério? - perguntou ele, adoptando o mesmo tom. - Felicito-a! - E depois reinou o silêncio entre eles, durante alguns momentos.

Anne não se lembrou, imediatamente, de nenhuma citação. As suaves cenas outonais foram por um bocado postas de parte - com excepção de algum terno soneto, pleno da adequada analogia entre o ano em declínio e o declínio da felicidade, de mistura com as imagens de juventude, esperança e Primavera, todas elas mortas ao mesmo tempo, abençoada memória a sua. Tomou ânimo para perguntar, enquanto se enfileiravam para percorrer outro carreiro: «Este não é um dos caminhos para Winthrop?» Mas ninguém ouviu, ou, pelo menos, ninguém lhe respondeu.

Winthrop, porém, ou os seus arredores - pois de vez em quando viam-se homens novos, caminhando perto de casa -, era o seu destino.





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