O Mundo Perdido - Cap. 13: Capítulo 13 Pág. 184 / 286

Era medonho na floresta! As árvores cresciam tão próximas umas das outras, as suas folhagens estendiam-se sobre uma tal largura e tão alto que já nem via o luar, excepto em raros sítios onde os ramos ligeiramente afastados me permitiam avistar o céu em filigrana. Quando os olhos se habituam à obscuridade, fica a saber-se que existem diversas formas, diversos graus no escuro das árvores: algumas delas eram confusamente visíveis; entrevi placas negras da cor do carvão, que podiam ser orifícios de cavernas, e afastei-me com horror. Lembrei-me do grito desesperado do iguanodonte sujeito à tortura, aquele grito de morte cujo eco tinha amotinado os bosques. Pensei também na visão que me fora oferecida pelo archote de Lorde John: um focinho húmido, pustulento, babado de sangue. Calcorreava agora o seu terreno de caça. A todo o momento podia surgir da sombra e saltar-me em cima aquele monstro horrível fora de qualquer classificação zoológica! Parei, tirei um cartucho da algibeira e abri a culatra da espingarda. Ao tocar no gatilho, o meu coração vacilou: era uma espingarda de caça e não uma espingarda de guerra a que eu trouxera!

Estive, de novo, prestes a voltar para trás. Não constituía esta uma excelente desculpa para o meu desfalecimento? Ninguém se atreveria a não me dar razão! E, no entanto, o meu orgulho louco levou a melhor. Não podia, não devia recuar. Afinal de contas, uma espingarda verdadeira não me teria sido mais útil perante os perigos que me espreitavam! Se tornasse ao acampamento para trocar de arma, não poderia entrar e sair sem ser visto. Seria então obrigado a explicar-me e estariam acabadas as minhas tentativas pessoais.





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