O Mundo Perdido - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 9 / 286

Mas agora alegro-me por ter falado ... Sim, sinto-me muito feliz com isso... Se a nossa conversa despertou dentro de si uma vontade ...

- E se eu?..

Como um veludo tépido, a mão dela poisou-me nos lábios.

- Nem mais uma palavra, cavalheiro! Há já meia hora que deveria estar no seu escritório para o trabalho da noite, mas não tive coragem para lho lembrar. Um dia, talvez, se conseguir alcançar um lugar na sociedade, retomaremos esta conversa.

Eis as palavras após as quais, numa brumosa noite de Novembro, corriem perseguição do comboio de Camberwell: tinha a cabeça em fogo, o coração em festa; tomei a decisão de que não se escoariam vinte e quatro horas sem que tivesse inventado a ocasião de realizar uma proeza digna da minha dama. Mas quem teria imaginado a forma incrível que tal proeza ia revestir, assim como as inverosímeis peripécias em que me veria metido?

Sim. Pode ser que este primeiro capítulo dê a impressão de que não tem nada a ver com a minha narrativa. Todavia, sem ele não haveria narrativa. Quando um homem vai mundo fora com a convicção de que em seu redor o convidam actos heróicos, quando é possuído pelo desejo arrebatado de realizar o primeiro que se lhe apresentar, é então que rompe (como eu fiz) com a vida quotidiana, e que se aventura no maravilhoso país dos crepúsculos místicos onde o espreitam as grandes proezas e as mais altas recompensas.

Estão a ver-me no meu escritório da Daisy Gazette (onde não passava de um redactor insignificante) muito animado com a minha resolução de fresca data?





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