O homem que segurou é o homem que mantém em seu poder a chave do mistério e que nós procuramos. Não adianta discutir isso agora; é assim. Venha, doutor.
Encaminhámo-nos para o cabriolé, deixando incrédulo e manifestamente incomodado o nosso informador.
- O doido! - disse Holmes, com azedume, quando regressávamos aos nossos aposentos. - Pensar que ele teve aquela oportunidade e não a aproveitou.
- Continuo muito desorientado. É verdade que a descrição deste homem coincide com a sua ideia do segundo indivíduo neste mistério. Mas porque é que ele voltaria à casa depois de ter saído? Esse não é o procedimento habitual dos criminosos.
- O anel, homem, o anel; foi por isso que ele voltou. Se não temos outro meio de o apanhar, podemos servir-nos do anel como isca. Hei-de apanhá-lo, Doutor! Aposto consigo em como o apanho. Tenho de lhe agradecer por tudo. Se não fosse você talvez não tivesse vindo; assim teria perdido o melhor caso de estudo que jamais se encontrou. Um estudo em escarlate, hem? Porque não usamos um pouco da linguagem artística? A ameaça escarlate do homicídio atravessa a meada monótona da vida, e o nosso dever é desemaranhá-la, isolá-la e revelá-la completamente. E agora vamos almoçar, depois Norman-Neruda. O desempenho e as vénias dela são magníficas. Aquela coisinha de Chopin que ela executa tão esplendorosamente: tra-la-la-lira-lira-lai.
Reclinando-se no cabriolé, este detective amador trinou como uma cotovia enquanto eu meditava sobre a complexidade do espírito humano.